quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Filme com ator goiano é indicado ao Oscar

Com o filme Salve Geral, o ator goiano Lee Thalor faz sua estreia no cinema já com uma expectativa para o mais famoso evento da área: o longa foi escolhido para ser o representante brasileiro na corrida por uma indicação ao Oscar de melhor filme estrangeiro no ano que vem. Lee, prestigiado no teatro brasileiro, interpreta um presidiário na produção.

O filme tem estreia nacional em 2 de outubro. Salve Geral, que tem como subtítulo O Dia em que São Paulo Parou, conta o drama de uma mãe vivida por Andréa Beltrão, que tenta tirar o filho (Lee Thalor) da prisão a qualquer custo. Baseado em fatos reais, o filme relembra o dia em que o Primeiro Comando da Capital (PCC), organização criminosa que atua nos presídios, parou a cidade de São Paulo em maio de 2006, um conflito que deixou um saldo de 200 mortos, entre policiais e supostos bandidos.

Lee Thalor, um dos nomes da nova geração do teatro apontado como revelação, é Rafael, um jovem de 18 anos que acaba sendo preso por ter se envolvido num acidente de carro que terminou com a morte de uma jovem. Enquanto isso, sua mãe, Lúcia (Andréa Beltrão), uma viúva de classe média, tenta descobrir, ao lado de advogados, uma maneira de colocar o filho em liberdade.

Em visitas à penitenciária, ela conhece Ruiva (Denise Weinberg), advogada do líder do PCC, e termina sendo utilizada em missões arquitetadas pela organização criminosa. Rodado em São Paulo, Paulínia e Rio de Janeiro, o filme custou R$ 9 milhões e deve estrear com mais de cem cópias.

Rostos desconhecidos

“Rostos desconhecidos, mas grandes artistas. Fui beber na maravilhosa cena teatral de São Paulo. Atores espetaculares, basicamente dedicados aos palcos, conhecidos e reconhecidos no meio teatral, mas sem o desgaste de imagem que a televisão gera”, disse o diretor Sérgio Rezende (de Canudos), ao justificar a escolha da maior parte do elenco. Entre as exceções, a protagonista Andrea Beltrão.

Lee Thalor, que está em São Paulo desde 2002, onde foi estudar teatro, já foi indicado aos prêmios Shell, Contigo! e Qualidade Brasil. Ele passou por uma bateria de testes para viver Rafa. Lee disse que um dos modos de se preparar para o personagem foi entrar em contato com esta paixão por carros.

“Rafa é louco pelo Ayrton Senna, então vi muitas corridas, li entrevistas e grande parte da biografia dele. Também experimentei dirigir de uma maneira que me colocasse como dono do veículo, confiante. E fui a presídios em São Paulo, conversei com agentes penitenciários sobre a convivência nas celas”, disse o ator goiano.

Na penitenciária, o jovem é submetido à convivência com bandidos perigosos e às péssimas condições do sistema penitenciário brasileiro. “A história se passa entre o Dia das Mães de 2005 e o de 2006. Tudo o que acontece nesse ciclo faz parte de um ritual de passagem. Interpretar isso, fazer essa transformação sem cair em armadilhas, foi muito difícil”, conta o ator, de 25 anos.

Até chegar a esta grande produção cinematográfica, Lee Thalor percorreu uma longa trajetória, apesar de ser ainda jovem. Ele deu os primeiros passos no palco em Goiânia em 1997 na escola e depois começou a atuar em grupos da cidade, como a Cia. de Teatro Carlos Moreira e o Grupo Arte & Fatos. Após estudar Artes Cênicas na USP, trabalhou com medalhões do teatro nacional, como Antunes Filho. Em 2007, voltou à cidade para apresentar uma montagem de A Pedra do Reino, no papel principal

Embora Salve Geral seja sua estreia no cinema, Lee comenta que a sétima arte sempre foi uma grande inspiração em toda a sua carreira. “No teatro a interpretação tem outra medida, é tudo maior, a plateia está ali vendo-o por inteiro e cada parte do seu corpo expressa aquilo que seu personagem quer dizer naquele momento. No cinema você se comunica só com a câmera, então você tem de equalizar os sentimentos e expressões. Um gesto mínimo já diz muita coisa. Trabalhar essa diferença de medida foi muito gostoso”, observa.

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